segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Revolução atraiçoada

Em 25 de Abril de 1974 — esse dia funesto entre os mais funestos da nossa história — foi enganada e atraiçoada a nação portuguesa, mas foi também atraiçoada a revolução a que os portugueses legitimamente vinham aspirando — a revolução nacional dos trabalhadores, a revolução que fosse efectivamente nacional e que fosse efectivamente dos trabalhadores, não, como veio a ser, a chocadeira de uma nova burguesia e o poleiro dos canoros internacionalistas de todas as plumagens.

Era indispensável que pelo menos alguns dos muito ricos — os que menos riqueza produzissem em real benefício da comunidade — fossem menos ricos, e era necessário que tivessem mais fácil e mais justo acesso aos bens essenciais os mais pobres. Mas àquilo a que os verdadeiros trabalhadores portugueses assistiram, revoltados, foi à partida, em massa, dos mais ricos para o estrangeiro com os seus capitais intactos, graças à cumplicidade criminosa dos «heróis» do 25 de Abril e dos sociais-fascistas do sr. dr. Cunhal. Assistiram à galopada louca de todo um povo para a miséria, enquanto em Portugal se instalava principescamente o usurário internacional por sobre as ruínas de um país que fora próspero — e no Brasil e noutras partes do globo para onde os portugueses de iniciativa haviam sido forçados a emigrar montavam eles novas indústrias, construíam novas fábricas, tornavam-se assim cada vez mais ricos, mas não em benefício de Portugal e sim de países que lhes abriam os braços e os acolhiam e até (como no caso de Champalimaud no Brasil) lhes facilitavam empréstimos e créditos.

Não tivemos, pois, a revolução nacional dos trabalhadores — uma doutrina de justiça social traduzida em dinamismo e em acção. Tivemos, sim, a revolução-palavra (a revolução bola de sabão) de que vagamente falavam, nas casernas e nas «mess», exaltados capitães e coronéis calculistas. Mas não é no rasto dessa revolução oca, dessa revolução-compromisso, dessa revolução-equívoco, meio social-capitalista e meio social-fascista, que nós vimos agora abrir caminho, nós, os nacionais-sindicalistas, rumo ao futuro, poucos ou muitos, por entre a confusa multidão dos iludidos, dos desesperados e dos tolos.

Não somos comunistas disfarçados, nem fascistas da vigésima-quinta hora, nem reaccionários ainda mal acordados para as duras realidades do nosso tempo, nem democratas «civilizados» e passivos sabendo na ponta da língua o manual de como viver e conviver na alta sociedade, nem conservadores imbecis e ceguinhos, carne de canhão para todas as intrigas suspeitas e para todas as conjuras malogradas à nascença; somos, simplesmente, portugueses lúcidos e conscientes, que não querem assistir de braços cruzados à morte de Portugal; que não querem assistir inactivos, ao funeral, na indigência e na vergonha, de uma pátria que foi grande, que foi gloriosa, que foi temida e forte — e que era sobretudo, a nossa.

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