Tiago Mesquita (www.expresso.pt)
8:00 Quarta feira, 13 de abril de 2011 |
Há coisas que não são para entender. Após uma breve sondagem feita por
mim ligando para perfeitos desconhecidos (é o que dá ter chamadas grátis
para números fixos) pude constatar que ninguém, de entre as cerca de 150
pessoas com quem tive o prazer de falar, votou alguma vez em José Sócrates.
Nem nas primeiras eleições legislativas em que o PS venceu com maioria absoluta.
Nem nas segundas em que o senhor Engenheiro venceu com uma maioria das
pequenitas.
Chamaram-lhe de tudo, disseram o que gostariam de lhe fazer com as próprias
mãos, descreveram pormenorizadamente locais estranhos para onde o enviavam.
Um senhor, de provecta idade, sugeriu que uma das estações do TGV tivesse
lugar numa parte do corpo do ainda Primeiro-Ministro, imaginem o resto.
Impropérios em português, francês, inglês técnico, russo, português do
brasil e até em mandarim... Mistério. Ninguém votou neste senhor? Nunca, nem
uma só pessoa? Noboby?
Pior, e digo pior não porque gostaria que o tivessem feito, mas porque me
garantiram que "jamais em tempo algum" o irão fazer - "votar no Sócras? f..a-se!".
Fiquei completamente abismado. A única explicação para as sondagens que li
na semana passada que davam o PSD com 38% e o PS com 33% só poderiam
passar pela vergonha das pessoas em abertamente dizer que votam em Sócrates,
o que é perfeitamente compreensível. Eu também teria vergonha. Muita. Acho que
jamais admitiria se o fizesse. O que diriam os meus netos? "Sacana do velho.
Só fazia porcaria e agora andamos nós a pagar..."
Já conhecemos grande parte da família de José Sócrates, e sabemos que tem
bastantes primos, tios etc, mas 33% do eleitorado? Não pode ser, tem de haver
aqui mais qualquer coisa.
Ora vamos a "boys": 6 anos e meio de uma penosa governação. Contas à moda
do PS (usei o sistema de calculo do défice) são aproximadamente 2373 dias. Se
num exercício completamente idiota pensássemos que existiram 25 nomeações
(em média) para cargos políticos, de assessoria e espalhados pelas centenas de
empresas públicas (uma verdadeira teia) por dia chegamos ao fantástico número
de 59 325 pessoas. Se cada uma destas pessoas convencer a mãe, o pai, avó o avô
ou um qualquer familiar, amigo, vizinho ou o cão a votar no PS (uma média - muito
por baixo - de 3 pessoas por cada boy or girl) temos 237 300 alminhas! Ora se
imaginarmos que a população votante em Portugal ronda os 8.700.000, segundo
li por aí algures, temos aqui 3% só em boys e afins, o que é muito e explica alguma
coisa.
Quanto aos restantes o fenómeno só pode ser explicado pela tendência muito
portuguesa para ver tudo a desabar. Adoramos ficar especados a olhar para
acidentes a contar os mortos e feridos, pegar fogos nas matas protegidas e
deliramos com reuniões de condomínio que acabam à estalada ou jogos de
futebol em pancadaria. Ou isto tudo ou o Alzheimer (que pela amostra do Congresso
afecta grande parte dos socialistas), não estou a ver qualquer outra explicação
para estes números por parte do PS.
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